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Capítulo I - De protestante a Ortodoxo> H) A trajetória de minha avó materna.

Pelo lado materno meus ancestrais eram de origem portuguesa e espanhola, misturados em parte com a gente da terra (ou seja indígenas de Ubatuba - A aldeia visitada por Hans Staden). Da parte dos ancestrais portugueses minha bisavó recebeu aquele tipo de 'catolicismo' ou romanismo popular e folclórico, o qual resumia-se com assistir os principais atos do culto: Missa, adoração do santíssimo, ladainhas, Te Deum, etc oficiados na vetusta Igreja do Valongo, em Santos; santuário de antigas tradições, cujo aspecto no entanto, pouco me agrada. Minha bisavó era muito dada a tais cerimônias; embora pouco ou nada soubesse a respeito da doutrina ou da fé. Assim sua fé - Como a de quase todo povo naquele tempo - era mais sentimental ou emotiva do que consciente... A trajetória religiosa de minha avó materna Minha avó D  Leonor  mostrou, desde menina, uma forte tendência para a prática religiosa. Comungava todos os Domingos, confessava e jejuava; amiúde no santuário do Valongo. Até onde sei

Capítulo I - De protestante a Ortodoxo > G) Costados maternos e experiencialidade protestante.

No entanto tal a geração do homem, tal a moeda... Uma e outra tem duplo aspecto: A moeda dois lados, a geração dois ramos: Paterno e materno. Diante disto, após ter referido minhas origens paternas, cumpre descrever a família de minha veneranda mãe, por cujos costados recebi - juntamente com o sangue - os venenos da transcendência absoluta e o vezo do fetichismo. Tal herança no entanto redundou em meu maior benefício e suprema vantagem para mim, como se sucede amiúde aqueles que amam e buscam sinceramente a verdade... Experiencialidade protestante É justamente graças a ela que tendo entrado e saído da comunhão protestante - Como quem passou e não ficou! - posso revindicar a posse de um conhecimento experiencial e opo-lo a visão ingênua ou idealizada típica dos espíritas, ortodoxos e romanistas. Foi justamente este contato inicial com o protestantismo que veio a plasmar meu pensamento anti ecumênico, alimentado ademais por uma concepção filosófica não relativista. Tendo inclusive sérias

Capítulo I - De protestante a Ortodoxo > F) O papel dos professores...

  Minhas professoras Graças a ele, como disse,  pude situar-me a frente dos demais colegas de sala e tornar-me uma espécie de auxiliar ou secretário dos professores de História e Geografia, em especial das Mestras  Regina Marta   e  Milena Gianonni,  as quais rendo preito de eterna gratidão já pela competência invulgar, já pela amabilidade e polidez com que ministravam suas aulas e me atendiam. Quando tornei-me quinto anista já eram elas umas senhorinhas estando prestes a aposentarem-se. Calculo portanto que tenham iniciado suas respectivas carreiras na década de 50 ou na seguinte. Correspondiam ambas aquele tipo de professorinhas que Maluf classificaria como bem casadas, quiçá esposas de juízes, médicos, arquitetos, etc - Muito bem vestidas, perfumadas, polidas, inteligentes, muito bem informadas... Naquele tempo - meados dos anos 80 - a maior parte dos estudantes procedia não apenas de famílias bem estruturadas como de famílias economicamente estáveis. Era um ensino mais ou menos sel

Capítulo I - De protestante a Ortodoxo > E) Um pai educador.

  Um pai educador Apesar disto, ao contrário de seu pai (meu avô), meu pai era um homem extremamente bondoso, afável, cortês e sobretudo instruído.  E sequer posso compreender como se pode casar com minha mãe, supondo que tenha assumido tal compromisso quando ela se viu grávida de mim. Alias eram ambos já velhos e viúvos. Meu pai com cerca de 60 anos e minha mãe com cerca de 43.  Como é sabido fui concebido pouco antes da morte da pensadora Hannah Arendt. Tendo sido contemporâneo seu por cerca de um mês. O que me deixa lisonjeado. Com efeito, quando atingi a idade de quatro anos, começou meu pai a ensinar-me, ele mesmo, as primeiras letras e as artes do cálculo, possibilitando que ingressasse na escola praticamente alfabetizado ou 'adiantado' como se dizia então. Graças a ele, antes dos cinco anos, havia lido meu primeiro livro as  'Aventuras de João siri'.  Destarte ao entrar na quadra dos doze já havia lido   Mika Waltari  (O egipcio), Dostoievsky (Crime e castigo), D

Capítulo I - De protestante a Ortodoxo. D) Legado paterno.

  Legado paterno... Segundo nossas tradições familiares meu bisavô paterno -  Braz Jerônimo  - chegou a ingressar no seminário de Arcos ou Ermida e receber as ordens menores segundo o ritual da igreja romana, a qual minha família - descendente de mouriscos como já foi dito - era extremamente dedicada.  No entanto optando por casar deixou o Seminário e passou a Vila onde constituiu família. Era ele, na vila dos Prados (Pinhel), pelos idos de 1900, o único habitante que por saber latim era capaz de responder a Missa Latina. Em decorrência disto exerceu o ofício de sacristão ou acólito até o dia de sua morte sucedida pelos idos de 1940. Ao que parece uma de suas irmãs guardava as chaves da igreja paroquial, outra zelava pelos altares e estátuas dos santos e uma outra pela conservação das alfaias e paramentos... De modo que o templo da Vila era como que uma igreja familiar. Seu filho (Meu avô paterno.) - que chegou a ser intendente do lugarejo -inclusive foi quem forneceu os recursos neces

Capítulo I - De protestante a Ortodoxo - C) O propósito.

Num momento crítico, em que o protestantismo se vai alastrando pelo Brasil e forjando um tipo peculiar de política que muito se assemelha a que um dia floresceu na velha Genebra de Calvino, buscamos informar o leitor curioso e benevolente sobre como, tendo nascido protestante, fundamentalista, fetichista e sectário fiz o trajeto oposto, chegando a adquirir um outro tipo de perspectiva ou pensamento. Tendo para tanto de romper, decididamente, com as tradições ancestrais (As 'Tradições protestantes' como dizia J B Bossuet .) ou com aquilo que me fora dado, ao nascer, pela  cultura, a qual é como que uma segunda natureza.  Trata-se pois de minha história, a um tempo intelectual e a outro religiosa e ética, assim do roteiro espiritual que percorri, o qual avalio em termos de progresso ou evolução. Afinal, como tantos outros bem poderia eu ter permanecido fiel a ideologia ancestral; fixo e paralisado como uma ostra sobre um pedregulho... Todavia como o aparelho sensório/cognitivo de

Capítulo I - De protestante a Ortodoxo > B) A cultura e eu.

  O problema da Cultura e meu ponto de vista Seja-me permitido, na qualidade de criatura racional e livre, encarar ambos os sistemas religiosos - Hebraico e muçulmano - como equivocados, o protestantismo como uma espécie de judaização ou islamização do Cristianismo (O que já foi proposto há quase meio milênio pelo pensador Francês Gilherme Postel .), a transcendência absoluta como veneno mortal e a cultura por ela produzida como valorativamente inferior a que nos foi transmitida pelos antigos gregos ou aquela que se tentou criar, em tempos mais recentes na Europa; assim na Itália renascentista ou na França nos séculos XVI e XVII, com ramificações que chegam a nossos dias (Refiro-me ao matriz humanista de um  Mably, Morelly, Lammenais, Bloy, Mounnier, Barres, Brunettiére, Bernanos, Mauriac, Maritain, etc). Para mim o quanto foi produzido pela cultura clássica ou pelo Cristianismo me parece muito superior a quanto foi produzido pelo 'espírito' sêmita, e nem podemos falar num huma